Blog pessoal, de ''mim para mim''. Faíscas de luzes e contornos da minha sombra... Mas quem quiser também, esteja a vontade.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Os cânticos meditativos

A oração através de cânticos é uma das expressões mais essenciais da busca de Deus.

Cânticos breves, repetidos várias vezes, sublinham o caracter meditativo.

Em poucas palavras, eles exprimem uma realidade fundamental, rapidamente captada pela inteligência.

Repetida até ao infinito, esta realidade é pouco a pouco interiorizada pela pessoa na sua totalidade. Os cânticos meditativos abrem-nos assim à escuta de Deus.

Numa oração comunitária, eles permitem a todos participar e permanecer juntos na espera de Deus, sem que o tempo seja demasiado cronometrado.

Para abrir as portas da confiança em Deus, nada pode substituir a beleza das vozes humanas unidas pelo canto.

Esta beleza pode fazer entrever «a alegria do céu sobre a terra», como o exprimem os cristãos do Oriente. E começa a desenvolver-se uma vida interior.

Estes cânticos também sustém a oração pessoal. Eles construem pouco a pouco uma unidade da pessoa em Deus e podem tornar-se subjacentes no trabalho, nas conversas, no descanso, ligando oração e vida quotidiana.

Mesmo inconscientemente, eles prolongam em nós uma oração, no silêncio do nosso coração.

Musicas de Taizé (atenção, se o link não abrir, copie-o e cole na barra de endereço):

http://www.taize.fr/ext/sound/mp3/Tu_sei.mp3

http://www.taize.fr/ext/sound/mp3/behute_mich_gott.mp3

http://www.taize.fr/ext/sound/mp3/In_Manus_Tuas_Pater.mp3

http://www.taize.fr/ext/sound/mp3/Mon_Ame_Se_Repose.mp3

Para mais: www.taize.fr/pt e depois clicar em MP3

Fotos de Taizé


O valor do silêncio




Três vezes por dia, tudo pára na colina de Taizé: o trabalho, os estudos bíblicos, os intercâmbios. Os sinos chamam à igreja para rezar.

Centenas, por vezes milhares de jovens de países muito diversos através do mundo, rezam e cantam com os irmãos da Comunidade.

A Bíblia é lida em várias línguas. No centro de cada oração comunitária, um longo tempo de silêncio é um momento único de encontro com Deus.


Silêncio e oração
Se nos deixarmos guiar pelo mais antigo livro de oração, os Salmos bíblicos, nós encontramos aí duas formas principais de oração: por um lado o lamento e o pedido de socorro, por outro o agradecimento e o louvor. De forma mais oculta, há um terceiro tipo de oração, sem súplicas nem louvor explícito. O Salmo 131, por exemplo, não é senão calma e confiança: «Estou sossegado e tranquilo… Espera no Senhor, desde agora e para sempre!»


Por vezes a oração cala-se, pois uma comunhão tranquila com Deus pode abster-se de palavras. «Estou sossegado e tranquilo, como uma criança saciada ao colo da mãe; a minha alma é como uma criança saciada.» Como uma criança saciada que parou de gritar, junto da sua mãe, assim pode estar a minha alma na presença de Deus. Então a oração não precisa de palavras, nem mesmo de reflexões.


Como chegar ao silêncio interior? Por vezes calamo-nos, mas, por dentro, discutimos muito, confrontando-nos com interlocutores imaginários ou lutando connosco mesmos. Manter a sua alma em paz pressupõe uma espécie de simplicidade: «Já não corro atrás de grandezas, ou de coisas fora do meu alcance.» Fazer silêncio é reconhecer que as minhas inquietações não têm muito poder. Fazer silêncio é confiar a Deus o que está fora do meu alcance e das minhas capacidades. Um momento de silêncio, mesmo muito breve, é como um repouso sabático, uma santa pausa, uma trégua da inquietação.


A agitação dos nossos pensamentos pode ser comparada com a tempestade que sacudiu o barco dos discípulos, no Mar da Galileia, enquanto Jesus dormia. Também nos acontece estarmos perdidos, angustiados, incapazes de nos apaziguarmos a nós mesmos. Mas Cristo também é capaz de vir em nosso auxílio. Da mesma forma que falou imperiosamente ao vento e ao mar e que «se fez grande calma», ele pode igualmente acalmar o nosso coração quando está agitado pelo medo e pelas inquietações (Marcos 4).


Fazendo silêncio, pomos a nossa esperança em Deus. Um salmo sugere que o silêncio é mesmo uma forma de louvor. Nós lemos habitualmente o primeiro verso do Salmo 65: « A ti, ó Deus, é devido o louvor ». Esta tradução segue a versão grega, mas na verdade o texto hebreu diz: «Para Vós, ó Deus, o silêncio é louvor».


Quando cessam as palavras e os pensamentos, Deus é louvado no enlevo silencioso e na admiração.
(Veja incríveis e belas imagens de Taizé em http://cristianismosemcensura.blogspot.com/2010/01/fotos-de-taize.html
e ainda em http://www.taize.fr/pt , onde é há mais conteúdo sobre a comunidade de Taizé.)

Imagens que inspiram











Sedentos de Deus


Então venham almas famintas; venham e sejam plenamente saciadas!
Venham, tragam as suas aflições, dores, e miséria, e serão confortadas!
Venham, os que estão doentes e cheios de males, e serão aliviados!
Venham, acheguem-se ao Pai que deseja abraçá-los em seus braços amorosos!
Venham, pobres ovelhas errantes de volta ao seu Pastor!
Venham, pecadores, ao seu Salvador!
Venham, os que são ignorantes em coisas espirituais! Vocês não são incapazes de orar!
Venham todos, sem exceção, venham. Por que Jesus Cristo chamou a todos vocês.
Entretanto, aqueles que estão sem coração submisso estão dispensados.
Porque deve haver um coração dócil perante Deus para receber seu amor.
(Madame Jeanne Guyon em "Experimentando Deus através da oração" )

UM ESPAÇO PARA A DÚVIDA


SE AS RESPOSTAS ÀS PERGUNTAS DA VIDA SÃO ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIAS PARA VOCÊ, ENTÃO ESQUEÇA A VIAGEM. VOCÊ NUNCA CHEGARÁ LÁ, POIS ESTA É UMA VIAGEM DE INCÓGNITAS, DE PERGUNTAS SEM RESPOSTA, DE ENIGMAS, DE COISAS INCOMPREENSÍVEISE E, PRINCIPALMENTE, INJUSTAS.


Madame Jeanne Guyon (citado por Philip Yancey em O Deus (in)visível )

UM ESPAÇO PARA A DÚVIDA II


QUANDO NOSSA CASA ESPIRITUAL ESTIVER EM ORDEM, MORREREMOS. E ASSIM PROSSEGUIMOS. CHEGA-SE A UMA RAZOÁVEL CERTEZA A RESPEITO DO CAMINHO A TRILHAR, MAS É UM PERCURSO NO ESCURO. NÃO CONTE QUE A FÉ TORNARÁ AS COISAS MAIS CLARAS. TRATA-SE DE CONFIANÇA, NÃO DE CERTEZA.

Flannery O'Connor (citado por Philip Yancey em O Deus (in)visível )

Milagre


Recolhe Senhor a minha dor, em um lugar seguro onde ela não possa me parar,
Permita que eu creia na promessa da manhã que traz o riso depois da noite que me machucou,
Faz-me aproveitar o cansaço como oportunidade de descanso em teus braços,
Sacia de amor minha sede de alivio,
Enche-me de coragem no entardecer e de muito mais vida ao amanhecer,
E por fim, traz-me à memória toda a métrica dessa pequena história,
Aponta os pontos e os contra pontos,
Cura-me ou sustenta-me, pois de uma forma ou de outra exclamarei, milagre.
(Fonte: blog jardimdaalma )

domingo, 17 de janeiro de 2010

João em Patmus

(Texto do livro JESUS, O FILHO DO HOMEM, de Gibran Khalil)

Falarei dEle mais uma vez.
Deus me deu voz e lábios, mas não palavras.
Sou indigno da plenitude da palavra, mas chamarei meu coração a meus lábios.

Jesus me amava, e eu não sabia o por quê.
E eu O amava porque Ele despertou meu coração para alturas além de minha estatura e para profundidades além de minhas sondagens.

O amor é um mistério sagrado.
Para os que amam, ele permanece eternamente sem palavras, mas para os que não amam, ele pode ser apenas uma brincadeira cruel.

Jesus chamou a mim e a meu irmão quando estávamos trabalhando no campo.
Eu era jovem e só a voz do alvorecer tinha visitado meus ouvidos.
Mas a Sua voz, e a trombeta da Sua voz foram o fim do meu trabalho e o início de minha paixão.
E nada havia para mim, então, a não ser caminhar no sol e adorar a doçura do momento.
Podeis conceber uma majestade amável demais para ser majestade? E uma beleza radiante demais para ser bela?
Podeis ouvir em vossos sonhos uma voz, tímida com seu próprio arrebatamento?


Ele me chamou, e eu O segui.
Naquela tarde voltei à casa de meu pai para pegar meu outro manto.
E disse para minha mãe: “Jesus de Nazaré me quer em Sua companhia’’.
E ela disse: “Vá pelo Seu caminho, meu filho, como teu irmão”.
E eu O acompanhei.
Sua fragrância me chamou e me dirigiu , mas só para me libertar.
O amor é um hospedeiro atencioso para seus convidados, mas não para os não convidados, sua casa é uma miragem e uma zombaria.

Agora quereis que explique os milagres de Jesus.
Todos somos o gesto milagroso do momento; nosso Senhor e Mestre era o centro desse momento.
No entanto, não era Seu desejo que tal gesto fosse conhecido.
Eu O ouvi dizer para os aleijados: “Levanta-te e vá para casa, mas não diga aos sacerdotes que eu te curei’’.
E o espírito de Jesus não estava com o coxo; estava antes com os fortes e eretos.
Sua mente buscava e capturava outras mentes e Seu espírito todo visitava outros espíritos.
E com isso, Seu espírito mudava essas mentes e esses espíritos.
Parecia milagroso, mas para nosso Senhor e Mestre era tão simples como respirar o ar de cada dia.

Deixai-me agora falar de outras coisas.
Um dia, quando Ele e eu caminhávamos sozinhos em um campo, estávamos ambos com fome e chegamos a uma macieira silvestre.
Só havia duas maçãs pendendo do galho.
Ele segurou o tronco da árvore com Seus braços e a sacudiu, até que as duas maçãs caíram.
Ele apanhou as duas e me deu uma.
A outra Ele manteve na mão.
Com a fome que eu tinha, comi a maçã, bem depressa.
Quando olhei para Ele, vi que ainda tinha a maçã na mão.
Ele me deu dizendo: “Como esta também’’.
E eu peguei a maçã, e na minha fome desavergonhada, comi-a.
E quando voltamos a caminhar, eu olhei para Sua face.
Mas como poderei dizer o que vi?
- Uma noite com velas a queimar no espaço;
- Um sonho além de nosso alcance;
- Um meio-dia com todos os pastores em paz e felizes com suas grei pastando;
- Um entardecer, e uma quietude, e uma volta ao lar;
- Então o sono e um sonho.

E todas estas coisas eu vi em Sua face.
Ele havia me dado as duas maçãs.
E eu sabia que Ele tinha fome tanto quanto eu.
Mas agora eu sei que dando-as para mim Ele tinha ficado satisfeito.
Ele comera de outros frutos, de outra árvore.
Eu vos falaria mais dEle, mas como o farei?
Quando o amor se torna grande demais, não há mais palavra.
E quando a memória está sobrecarregada, ela busca a profundidade silente.